Remédio para Grécia divide ministros da UE

13/07/2011 08:56

 

 

Principal ponto de discórdia é a participação do setor privado em um eventual plano para reduzir juros ou adiar vencimento de títulos

        O ministro de Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, reiterou ontem, após reunião de ministros da União Europeia, que qualquer nova ajuda para a Grécia dependerá da participação do setor privado. O primeiro-ministro da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, por sua vez, afirmou que explorar estratégias diferentes para envolver os credores privados “não é um caminho adequado”.

“Não haverá um novo programa para a Grécia sem uma contribuição satisfatória do setor privado”, disse Schäuble. No entanto, o ministro alemão reconheceu que a zona do euro precisa de uma série de instrumentos mais amplos e melhores para colocar a Grécia de volta nos trilhos e impedir que a crise de dívida se espalhe mais pela região. Schäuble citou a possibilidade de reduzir as taxas de juros cobradas sobre os empréstimos oferecidos aos países com problemas ou a extensão do vencimento dos bônus desses países.

        O ministro não quis discutir os méritos de um plano para emissão de dívida conjunta da zona do euro para financiar uma recompra de bônus gregos. Schäuble acredita que tal emissão enfraquece o incentivo para que os países mantenham as finanças públicas em ordem, mas admitiu que os ministros debateram todas as opções “sem tabus” na reunião.

        Em uma entrevista à imprensa, Zapatero afirmou que a União Europeia precisa desenvolver um plano claro para persuadir os credores do setor privado da Grécia a aceitar uma redução voluntária ou uma extensão nos prazos de pagamentos. Segundo Zapatero, qualquer plano para a Grécia precisa ser firme e gerar confiança e senso de responsabilidade desde o princípio. O yield (retorno ao investidor) da dívida do governo espanhol subiu fortemente nos últimos dias, em meio à crescente preocupação sobre o impacto da crise grega em outros países endividados da zona do euro.

Cúpula especial

        Os líderes dos governos da zona do euro provavelmente vão realizar uma cúpula especial na sexta-feira em uma tentativa de romper o impasse sobre como incluir o setor privado em um novo pacote de ajuda para a Grécia, afirmou ontem um diplomata da União Europeia. Uma decisão final sobre a reunião ainda não foi tomada, mas um anúncio pode ser feito na manhã de hoje, segundo a fonte. Outro diplomata da União Europeia e um porta-voz do governo da Espa­nha confirmaram que a ideia de uma cúpula na sexta-feira está sendo estudada.

        O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, que preside reuniões dos líderes dos governos da União Europeia, viajou ontem para Espanha e Portugal para discutir a possível ampliação da crise de dívida, que nos últimos dias provocou grande volatilidade nos mercados financeiros, ameaçando envolver outras economias debilitadas da zona do euro.

        Se houver uma reunião na sexta-feira, ela ocorrerá no mesmo dia da divulgação dos resultados dos testes de estresse com bancos europeus. Ontem, os ministros de Finanças da União Europeia se reuniram para debater o assunto e se comprometeram a dar apoio para os bancos que não forem aprovados nos testes. As informações são da Dow Jones.

Pressa

Plano italiano de austeridade deve ser votado até domingo

        O Parlamento da Itália trabalha para aprovar o plano de austeridade de 40 bilhões de euros até domingo, um cronograma rápido que pretende evitar que a crise de dívida europeia afete a terceira maior economia da zona do euro. O líder do Senado, Renato Schifani, afirmou esperar que as medidas sejam aprovadas na casa até quinta-feira, o que permitirá que seja feita uma votação na Câmara de Deputados até domingo.

        O plano de austeridade elaborado pelo governo de coalizão do primeiro-ministro Silvio Berlusconi inclui congelamentos de salários do setor público, taxas mais altas para visitas médicas e menos transferências de fundos do governo central para as administrações locais.

        O governo esperava que a divulgação do plano, que foi feita no começo deste mês, fosse suficiente para eliminar as preocupações com a solvência da Itália. Mas desde sexta-feira os investidores fogem dos bônus do país em razão dos receios de que Berlusconi não tenha o apoio político necessário para aprovar o plano.

        No entanto, políticos da oposição parecem estar dispostos a apoiar o governo. Anna Finocchiaro, líder da oposição no Senado, afirmou que seus colegas vão propor “muito poucas” emendas para o orçamento para que ele possa ser aprovado rapidamente. Um porta-voz da Câmara, por sua vez, disse que na casa também há “vontade de finalizar isso o mais rapidamente possível”.

        No Senado, o governo tem uma quantidade de votos confortável para aprovar a legislação. Na Câmara, Berlusconi tem apenas uma pequena maioria, o que significa que todos os membros da coalizão precisam votar a favor da medida. O plano de austeridade do governo da Itália pretende reequilibrar o orçamento do país até 2014, mas a maior parte das economias de custo deverá ter início depois de 2012.

Irlanda

        A agência de classificação de risco Moody’s divulgou em um comunicado que rebaixou o rating da dívida soberana da Irlanda de Baa3 para Ba1, colocando o país no território dos investimentos especulativos. A perspectiva para o rating é negativa.

        Segundo a Moody’s, o rebaixamento foi resultado da possibilidade crescente de a Irlanda precisar de mais financiamento oficial no fim de 2013, quando devem terminar os recursos do pacote de resgate oferecido ao país pelo Fundo Monetário Internacional e pela União Europeia.

        A agência ressaltou que também considera grande a chance de credores do setor privado serem obrigados a participar de um novo pacote de auxílio aos irlandeses, oferecendo como justificativa o atual discurso das autoridades europeias sobre a Grécia.
 

FONTE: GAZETA DO POVO